O símbolo 420, assim como o horário 16h20 e o dia 20 de abril, são representações da cultura canábica que surgiram a partir de uma história que remete ao ano de 1971, no estado americano da Califórnia. Reza a lenda que adolescentes teriam encontrado um mapa, desenhado à mão, que mostrava a localização de uma plantação de maconha em Point Reyes, próximo a San Francisco. Eles resolveram encontrar o “tesouro” e marcaram de se reunir para a expedição às quatro e vinte da tarde. A hora do encontro ficou imortalizada no imaginário canábico desde então.
Celebrações à maconha no 20 de abril (que em inglês é escrito na forma 4/20) ocorrem há vários anos em vários países, incluindo o Brasil. Para celebrar a data, reunimos outros fatos interessantes sobre a maconha, que você confere a seguir.
Uso terapêutico milenar
Engana-se quem pensa que o uso medicinal da cannabis é recente: o primeiro registro histórico de utilização da cannabis para fins terapêuticos aconteceu por volta de 2.700 a.C., no livro chinês Pen Tsao, considerado a primeira farmacopeia da história. Seu uso era descrito para o tratamento da gota e de dores articulares.
No Brasil, a maconha com fins terapêuticos era livremente vendida na forma de cigarros para o tratamento de asma, catarros e insônia, antes de ser proibida, na década de 1930.
Brasil na vanguarda do atraso
O Brasil foi o líder mundial no movimento de criminalização da antiga ‘erva santa’. Na II Conferência Internacional do Ópio, realizada em 1924, em Genebra, pela antiga Liga das Nações, o representante brasileiro Pedro José de Oliveira Pernambuco Filho descreveu a maconha como “mais perigosa que o ópio”, conseguindo, naquela oportunidade, aumentar a restrição sobre a exportação e o comércio internacional da maconha.
Cultura sustentável
Primo careta da maconha, caracterizado por variedades que contêm percentuais de até 0,3% de THC, o cânhamo serve de matéria-prima para diversas indústrias, e suas características vantajosas, como as fibras resistentes e o isolamento térmico, além de uma cultura com grande capacidade de sequestro de carbono, são atrativos para quem busca produções agrícolas sustentáveis e ecologicamente viáveis.
Preferência mundial
Você sabia que a maconha é a substância ilícita mais popular do mundo? Segundo a OMS, cerca de 209 milhões de pessoas consumiram cannabis em 2020. No Brasil, um levantamento da Fiocruz do ano passado confirma a tendência mundial, e a maconha é a droga ilícita mais consumida também por aqui, com prevalência de 7,7%, mais do que o dobro da segunda colocada, a cocaína, com 3,1%.
Maria Larica
Larica é uma gíria da língua portuguesa para descrever a vontade excessiva de comer após consumir maconha. O fato curioso é que a palavra pode ter vindo do sobrenome de uma maconheira, Maria Candelária “Larica”, como mostra o dicionário de provérbios, expressões e ditos populares “Mas será o Benedito?”, do escritor Mario Prata, de 1996:
“Dona Maria Candelária Larica, portuguesa que morava no Rio de Janeiro no final do século XVIII, foi quem teve a grande ideia e fez grande fortuna. Sendo também ela uma grande consumidora da Cannabis sativa (devia ser saliva), abriu uma rede de lojas pela capitania toda, especializada em doces portugueses. Principalmente quindim. Mas antes oferecia maconha (que não era proibida) aos clientes, que ficavam loucos para comer doces. A bodega chamava-se A Larica”.