Entra ano, sai ano, e a história se repete: no verão, estação mais quente e úmida, vem a seca do prensado. A falta da opção mais acessível da verdinha costuma ocorrer por uma questão prática: a entressafra da produção, afetada pelo clima, resulta em escassez. Para quem não conhece, a entressafra acontece entre o fim de um ciclo de cultivo e o início do próximo.
Dessa vez, porém, parece que o período de seca está mais longo, e a situação crítica. Quem encontra o pren paga caro por ele e, muitas vezes, recebe algo que é uma mistura de galhos, sementes e folhas. Uma tristeza!
Mas, afinal, o que está por trás dessa crise?
Além da já conhecida entressafra, a falta do prensado pode ser justificada por uma série de grandes operações de apreensão, que retiraram de circulação toneladas do produto. Para dar alguns exemplos, em fevereiro, 8 toneladas foram apreendidas em Ponta Porã (MS), 4 toneladas em São Paulo (SP) e mais 2 toneladas em Santa Catarina. Em março, uma megaoperação da Polícia Federal (PF) com a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad/PY) erradicou 216 hectares de plantações no lado paraguaio da fronteira com o Brasil, o que equivale a 648 toneladas de prensado. Em abril, foram mais 12 toneladas apreendidas pela Polícia Rodoviária Federal e pela PM em Jardins (MS).
Outro fator que pode explicar a seca é um suposto racha na facção Primeiro Comando da Capital (PCC), que teria prejudicado a distribuição de pren no país, segundo noticiou a Folha de S. Paulo.
E agora?
Enquanto muita gente passa um tempo de abstinência (ainda que contra a própria vontade), outras pessoas recorrem a outros tipos de verdinha, bem mais caros que o pren, ou tentam a sorte no cultivo doméstico. O fato é que, para mudar essa situação, o que vale mesmo é lutar pela legalização.