A cannabis é a droga ilícita mais consumida no mundo, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2022 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), que estima que 209 milhões de pessoas sejam usuárias de maconha. Sua popularidade, no entanto, esbarra nas consequências do proibicionismo, que impedem que muitas delas “saiam da sauna”, ou seja, assumam publicamente este hábito. E não faltam motivos.
Seja por temer uma represália no ambiente de trabalho, seja para evitar conflitos em casa, seja pelo simples medo de sofrer denúncias e outras consequências negativas, o fato é que divulgar para o mundo o amor pela erva passa por recortes sociais e questões pessoais singulares, e a decisão de fazer isso, ou não, deve sempre ser respeitada.
Quebrando tabus
Se, porém, você tem o privilégio de expor seu consumo, ou ainda abertura para colocar a questão em debate nos seus círculos sociais, como trabalho, comunidade ou família, saiba que essa atitude pode ajudar a desconstruir o estigma em torno da cannabis e transformar a forma com que a sociedade encara os usuários.
Saindo da sauna
Bem, você já ponderou sobre os prós e contras de assumir-se enquanto maconheiro e decidiu sair da sauna. Isso significa legalizar a casa dos seus pais ou chegar exalando maconha na sala da chefia? Claro que não! O ideal neste caso é pensar em formas de introduzir o assunto de forma sutil para quem você deseja explanar. Veja, a seguir, algumas dicas de como fazer isso:
– Estude: a melhor ferramenta contra o preconceito é a informação. Prepare-se e reúna argumentos com base em dados concretos, de fontes confiáveis, sobre as principais questões que cercam essa discussão, como o mito da cannabis ser porta de entrada para outras drogas e queimar neurônios, por exemplo. Assim, você terá confiança para uma conversa que vai além de convicções pessoais.
– Compartilhe notícias positivas sobre a cannabis: o movimento global de legalização e regulamentação dos usos terapêuticos e sociais da maconha oferece a oportunidade de mostrar as vantagens e benefícios da planta livre para a ciência, o meio ambiente, a economia e a sociedade. Que tal compartilhar o potencial bilionário do cânhamo para a economia? Ou então falar sobre ações de sustentabilidade promovidas pelas marcas do segmento? Explorar os amplos benefícios terapêuticos da cannabis, oportunidades do mercado legal e, por outro lado, os prejuízos da proibição, é uma forma de abrir espaço para uma conversa honesta sobre a maconha com pessoas próximas.
– Enga(n)je-se: já pensou em fazer parte de uma associação de cannabis medicinal? Ou participar da Marcha da Maconha de sua cidade? Às vezes, atitudes dizem mais que palavras, e seu envolvimento com a causa pode ser o que você precisa para colocar o assunto em pauta na família ou no trabalho — além de te colocar em contato com outras pessoas que têm pensamentos alinhados com os seus.
– Tenha paciência: entenda que o pensamento proibicionista está arraigado em muitas pessoas por anos e anos de desinformação e preconceito. E quebrar essa lógica pode não ser fácil, principalmente quando lidamos com gerações mais velhas. Portanto, seja resiliente e busque maneiras de retomar a discussão sem causar conflitos.
– Seja exemplo: cumpra suas funções nos círculos que pertence, expresse suas opiniões com respeito, pratique a redução de danos, o uso responsável e consciente, e mostre ao mundo que pessoas que usam cannabis não devem ser enquadradas em estereótipos negativos.